Como entender o livro de Apocalipse e suas interpretações

GUIA COMPLETO de interpretação do livro de Apocalipse: Tendências, Implicações e Posições Escatológicas

✔Estamos iniciando os estudos no livro de Apocalipse. E hoje vamos estudar um pouco mais dos aspectos introdutórios, especificamente as maneiras pelas quais podemos interpretar esse livro tão importante.

Certamente, teremos lições importantes para aprender e aplicar em nossas vidas. Por isso, sugiro a você toda atenção para nos acompanhar nesse estudo inicial.

Veja que no programa passado, já estudamos os aspectos introdutórios, e agora vamos continuar trabalhando um pouco sobre esta introdução: como estudar e como interpretar esse livro tão básico, tão fundamental para as nossas vidas.

 

 

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Como entender o livro de Apocalipse

Querido amigo,

Hoje temos como propósito conhecer as maneiras pelas quais devemos interpretar e nos posicionar ao estudarmos esse livro tão precioso.

Antes de entrarmos no estudo do texto, o que faremos no programa a seguir, é necessário refletirmos e relembrar algumas verdades importantes sobre escatologia, um dos temas importantes da teologia sistemática.

Vamos definir primeiramente então que a escatologia é o capítulo da teologia que estuda as últimas coisas. Escatologia é o estudo das questões ligadas à consumação da história humana, a complementação da obra de Deus no mundo.

Temos que considerar também que existe uma diferenciação entre as escatologias. É importante distinguirmos entre a escatologia individual e a escatologia cósmica, que são as experiências que se colocam uma no futuro do indivíduo e outra no futuro da raça humana e de toda a criação.

▶Em relação à escatologia individual

Esta ocorrerá a cada indivíduo na hora da sua morte.

▶Em relação à escatologia cósmica

Esta ocorrerá a todas as pessoas simultaneamente em consequência dos eventos cósmicos decorrentes da vinda de Cristo.

Você sabe o que é escatologia e como entender o livro de Apocalipse?

Qual a importância de estudarmos e conhecermos um pouco mais sobre escatologia?

O estudo da escatologia reveste-se de importância nestes últimos anos por algumas razões:

▶Em primeiro lugar, devido ao desenvolvimento da tecnologia e às consequentes mudanças em nossa cultura e da realidade da globalização. Diante das profundas mudanças, os homens, as empresas e os órgãos públicos necessitam prever o futuro e se preparar para ele.

Assim, a curiosidade quanto ao futuro traz o interesse crescente em todos os sentidos, inclusive no sentido cósmico. Mas além desso, outras causas podem ser apontadas para o crescente interesse pela escatologia.

▶Por exemplo, em segundo lugar, o desenvolvimento do terceiro mundo e a sua rápida evangelização.

▶Em terceiro lugar, a força do comunismo, sua dialética materialista e a sua queda no final do século passado frustraram a expectativa que se tinha de apontá-lo como a esperança mundial de um mundo melhor. Não, não foi isso que aconteceu!

▶Em quarto lugar, algumas escolas da Psicologia que misturam existencialismo e psicanálise passaram a salientar a esperança como a razão pela qual alguns homens conseguem viver em condições de suportar todas as situações que a vida lhes apresenta.

▶E por fim, em quinto lugar, a ameaça de destruição que constantemente surge sobre a raça humana diante do arsenal atômico e nuclear, que tem se espalhado não apenas pelas grandes potências, mas por nações sobre as quais não se tem nenhuma segurança.

Por tudo isso, é importante estudarmos a escatologia. Por tudo isso, é importante nos aprofundarmos bem no estudo de Apocalipse.

Mas quais são as tendências nesse estudo?

Dentro do universo teológico e ministerial observamos duas tendências que contrastam entre si.

▶Primeiro,

A escatomania

Que se subdivide-se em dois grupos: aqueles que estão com a Bíblia numa das mãos e os jornais na outra mão, sempre vendo, sempre observando, interpretando todos os acontecimentos, principalmente os que se referem à nação de Israel, como sinal dos tempos; e os que fizeram da escatologia toda a sua teologia.

▶Mas contrastando com essa tendência em que tudo é sinal dos tempos, temos

A escatofobia

Que se define como um medo da escatologia, uma aversão a ela, ou pelo menos uma recusa em tratar do assunto, mas certamente um reflexo da dificuldade e obscuridade em muitas das suas questões.

Mas mesmo assim, vale a pena entendermos qual é o propósito de estudarmos escatologia. Devemos nos posicionar, querido amigo, em algum ponto entre esses dois extremos, encararmos a escatologia com uma atitude madura.

Conseguiremos isso se entendermos que o propósito das verdades escatológicas na Palavra de Deus é nos consolar e nos dar segurança. Como vemos nas palavras de Paulo aos Tessalonicenses 4:3 e 18.

Devemos estudar escatologia para sermos consolados e nos sentirmos seguros no estudo da Palavra de Deus🙏.

 

Que implicações temos no estudo da Escatologia?

Além das outras verdades, o estudo da escatologia aponta para essas implicações:

▶Primeiro, o estudo sério das Escrituras com propósito de perceber os acontecimentos em nossos dias, com a finalidade de discernirmos a obra de Deus, para não sermos enganados. 

▶Segunda implicação, vigilância e prontidão na expectativa do futuro.

▶Terceira implicação, diligência nas atividades que Jesus nos deu.

▶Quarta implicação, cuidado com a confiança desmedida por entendermos que conseguimos conhecer todas as coisas relativas ao fim.

▶E em quinto lugar, uma quinta implicação, cuidado com a prisão dogmática quanto à ocorrência de certos eventos escatológicos.

O que nós precisamos, querido amigo, são de diretrizes básicas que vão nos ajudar no estudo da escatologia. É importante, depois então do estudo desse tema, termos convicções sobre algumas verdades, sobre alguns pontos básicos.

• ▶Primeiro, temos que ter certeza sobre a segunda vinda de Jesus. 

• ▶Segundo, temos que ter certeza da vida após a morte.

• ▶Terceiro, temos que descobrir o significado espiritual do estudo desse tema.

• ▶Quarto, é preciso descobrirmos quais aplicações práticas podemos fazer para esses princípios aprendidos.

• ▶E em quinto lugar, devemos nos preocupar séria e constantemente com a pureza e a santificação de nossas vidas, preparando-nos então para encontrarmos com Jesus.

Um dos aspectos importantes dessas interpretações escatológicas é verificarmos:

Quais são as posições escatológicas contemporâneas?

Eu vou citar algumas delas, e certamente você vai reconhecer algumas das coisas que eu vou mencionar.

▶Primeiramente, temos a escatologia consistente

Isso é, que ensina que devemos entender as palavras de Jesus e dos Apóstolos como o sentido que eles mesmos queriam comunicar, ao invés de espiritualizarmos os ditos escatológicos. Entretanto, concluiu esses que pensavam assim que Jesus foi o Messias iludido, pois o que previra não ocorreu.

▶Segunda interpretação escatológica, a escatologia realizada

Que afirma que os ensinos escatológicos do Novo Testamento já se realizaram após a vinda e exaltação de Jesus. As promessas sobre o fim já foram cumpridas na época de Jesus.

▶Temos também outra posição, que é a escatologia existencial

A escatologia está colocada dentro do arcabouço da mitologia em geral, por isso o mito escatológico deve ser demitizado ou reinterpretado, procurando-se entender o mito em termos do significado existencial. 

▶Também temos outra posição, a escatologia da esperança

Ela encara a escatologia não como uma doutrina principal da fé cristã, mas como um sentido da totalidade da teologia. Concluiu então que o cristão é alguém que espera o futuro de Deus e a libertação final do mundo, porém não se pode esperar passivamente esse futuro.

Esses que entendem assim dizem que devemos buscá-lo, trazendo-o para o presente. Porém, deixam em aberto questões como o que se deve fazer para trazer esse futuro para o presente.

Por isso, querido amigo, nós precisamos entender quais são as posições que vários cristãos têm com relação à escatologia.

 

Com relação à escatologia temos que entender que temos dois grandes temas: o milênio e a tribulação, e esses temas se subdividem.

 

Então vamos aos CONCEITOS MILENISTAS

▶Nós temos os amilenistas:

não haverá um reino terrestre de Cristo de mil anos de duração; é simplesmente simbolismo. 

▶Temos o conceito pós-milenista:

O milênio começará com a divulgação mundial do evangelho e a conversão da maioria da humanidade. Milênio se trata de um período de paz e segurança resultante do avanço vitorioso do Evangelho pelo mundo afora.

A verdade é que, se nós olharmos para a história humana, vemos que essa posição pós-milenista tem sido derrotada, tem sido derrubada pela própria experiência do homem, que cada vez mais tem se revelado indigno diante de Deus.

▶Mas temos outra posição, que é a posição premilenista:

Destaca que o milênio é o reinado de Jesus aqui na terra. Esse período será inaugurado pela segunda vinda, de modo dramático ou até cataclísmico.

Uma grande tribulação imediatamente anterior precederá o milênio, sendo que esta tribulação fará ressaltar os efeitos do milênio. Satanás então estará preso nesses mil anos. Perto do fim do milênio, Satanás será solto por um breve tempo.

Haverá uma luta final muito violenta, e depois ele e seus demônios serão vencidos e lançados no lago de fogo preparado para eles. Ocorrerá a ressurreição dos cristãos para reinar com Cristo no milênio e ressurreição dos ímpios para o julgamento.

Esses são os pontos de vista mais comuns entre os pré-milenistas.

 

Entretanto, nos detalhes que se relacionam aos conceitos tribulacionistas, existem algumas diferenças. Então vamos a esses conceitos tribulacionistas. Também nós temos aqui três subdivisões:

 

Como entender o Apocalipse? Quais as implicações?

▶Pré-tribulacionismo

Essa posição dá mais atenção aos pormenores da escatologia quando comparada com as demais posições, com os demais conceitos milenistas.

Ela é considerada como sinônimo do dispensacionalismo, que na verdade é um sistema teológico hermenêutico de entendimento das Escrituras, do qual a escatologia é apenas uma parte.

Todos os dispensacionalistas são pré-tribulacionistas, mas nem todos os pré-tribulacionistas são dispensacionalistas.

A ideia é que essa tribulação será de tal maneira que não haverá e não há precedentes na história da igreja.

A tribulação tem o propósito definido e duplo de terminar com o tempo dos gentios e de preparar para a restauração, reunindo Israel ao reino milenar de Cristo após o segundo advento.

Essa tribulação tem como objetivo o arrebatamento da igreja, que será antes da grande tribulação. Então, essa posição pré-tribulacionista diz que o arrebatamento da igreja será antes da grande tribulação, uma tribulação de sete anos.

Dois acontecimentos ocorrerão segundo essa visão: primeiro, os santos que estiverem vivos serão transladados, e os crentes que morreram em Cristo serão ressuscitados para acompanhar os vivos no encontro com o Senhor nos ares e para um período com Ele no céu, onde ocorrerá o julgamento do tribunal de Cristo dos crentes da era da igreja.

Terminado esse período, então, segundo essa posição, Jesus voltará com a igreja em triunfo. Isso será visível a todos e será acompanhado da segunda ressurreição. E assim o milênio será instaurado.

E no fim dele, ocorrerá a soltura, por um breve tempo, de Satanás e a rebelião de todos contra Cristo, mas a vitória de Cristo sobre Satanás e os rebeldes. Mas também ocorrerá a ressurreição dos ímpios para o tribunal do trono branco e a eternidade.

Uma doutrina importante dessa posição pré-tribulacionista é a iminência da volta de Cristo. Isto é, a volta de Cristo pode ocorrer a qualquer momento, isso porque o arrebatamento da igreja será antes da grande tribulação.

▶Pós-tribulacionista

Mas em contraste com essa posição, temos a posição pós-tribulacionista, que diz o seguinte: o aspecto principal dessa posição é a afirmação de que a igreja passará pela tribulação, suportando-a pela graça e força de Deus. Depois desse grande e terrível período, é que Cristo voltará. Segundo essa posição, há distinção entre tribulação e ira de Deus.

A tribulação será imposta pelos não-cristãos e pelo diabo contra toda a igreja que estiver viva sobre a face da terra. A ira de Deus coincidirá em parte com a tribulação, mas será dirigida somente contra os ímpios. Os santos de Deus serão poupados dessa ira divina.

No final da tribulação, Cristo voltará, haverá a primeira ressurreição dos justos, o encontro com o Senhor nos ares, e imediatamente eles o acompanharão na sua descida triunfante para instalação do milênio, onde reinarão com Cristo. 

O texto de 1ª Tessalonicenses 4:17 usa a mesma palavra de Mateus 25:6, que explica que o encontro se dá para que possam acompanhar aquele que vem vindo para determinado local, e não para que fossem para um local diferente.

Esse é o uso que Lucas também faz em Atos 28:15-16. Com isso, conforme essa posição, elimina-se a vinda de Jesus até os ares, a sua volta para o céu com os santos, e de novo a sua vinda para o milênio terrestre.

Após o milênio, segundo essa posição, durante um breve tempo, ocorrerá a libertação de Satanás, o qual promoverá uma derradeira e desesperada luta, onde, entretanto, ele será definitivamente subjugado.

Ocorrerá a segunda ressurreição dos ímpios para o julgamento no trono branco, e, por fim, a eternidade.

No esquema pós-tribulacionista há sinais de indicação da proximidade da vinda do Senhor

Citam-se, em especial, exatamente a Grande Tribulação. Assim, apesar de esperar-se pela fixação de datas, o que ocorre é exatamente o contrário.

Visto que, nessa posição, não se é taxativo em marcar, por exemplo, o tempo da tribulação. Portanto, a ideia da iminência também é afetada.

Não se afirma a sequência de eventos que inclui a vinda de Cristo. O complexo de eventos é iminente e não apenas um evento, isto é, a segunda vinda de Cristo.

O pós-tribulacionismo tem como esperança não o livramento da tribulação futura, mas sim a própria vinda do Senhor Jesus.

Creem também os pós-tribulacionistas na presença do Espírito Santo junto com a igreja na tribulação, para confortá-la, para orientá-la no seu testemunho.

Nós temos além dessas duas posições antagônicas, pré-tribulacionista e pós-tribulacionista, algumas posições intermediárias que você deve conhecer.

Você deve ter ouvido já a

▶midi-tribulacionista,
▶o arrebatamento parcial, enfim,
▶o pós-tribulacionismo iminente.

Mas o que nós queremos fazer nesse final de programa é olhar para a maneira pela qual devemos interpretar especificamente o livro de Apocalipse.

Nós temos quatro maneiras para interpretarmos esse livro, que a partir do próximo programa estaremos estudando já o seu texto. 

▶Primeiramente, a interpretação preterista

O livro pertence ao primeiro século já passado, como as cartas às igrejas.

▶Segundo, a interpretação histórico-continua

O livro é uma previsão dos eventos de toda a história da igreja, desde João até os dias finais. 

▶Terceira, a interpretação idealista ou espiritual

O livro é interpretado como um quadro simbólico de verdades eternas, como por exemplo, o bem e o mal, Deus e o mundo. Portanto, o livro não é uma descrição de uma realidade histórica.

▶E quarta maneira de interpretarmos o Apocalipse: interpretação futurista

O livro, em sua maioria (isto é, nos capítulos 4 a 22), se refere de alguma maneira ao futuro. Essa maneira de interpretar foi vista no milenismo dos primeiros séculos.

Esse é o ponto de vista que se divide em duas correntes: o pré-milenismo, que já mencionamos, e o pré-milenismo dispensacionalista.

Embora tenham diferenças, as duas concordam que o propósito do Apocalipse é descrever a consumação do propósito redentor de Deus no final dos tempos.

Certamente, podemos entender que cada uma dessas linhas de interpretações contribuem de alguma maneira para o nosso entendimento do livro.

 

Por isso, renovo o meu convite a você: me acompanhe nos próximos 48 programas de Apocalipse.

Que o Senhor te abençoe. Um grande abraço e até o próximo programa.🙏

Por Dr. J. Vernon McGee © Thru the Bible Radio Network, www.ttb.org

Fontes:

• Bíblia Sagrada
• Programa Através da Bíblia