Carta a igreja de Pérgamo

✔Querido amigo,

Hoje temos como objetivo estudarmos Apocalipse 2:12 a 17.

 Vamos estudar a carta que Jesus enviou para a igreja em Pérgamo.

Então, esta é a terceira carta de Jesus dirigida a uma das sete igrejas. Já estudamos as cartas à igreja em Éfeso e à igreja em Esmirna.

Se pudéssemos compará-las aos contextos atuais, poderíamos dizer que Éfeso seria comparada com New York ou Rio de Janeiro, cidades com muitos atrativos e muitos prazeres.

Esmirna poderia ser comparada com Chicago ou São Paulo, cidades do poder econômico. A cidade de Pérgamo seria então comparada a Washington ou Brasília, cidades que representam o poder político.

Quando Jesus se apresentou como aquele que sabe onde sua igreja vive, demonstrou que Ele conhece todas as circunstâncias e os nossos contextos. Por que? Porque Ele anda no meio das suas igrejas!

EM RELAÇÃO A PÉRGAMO, É IMPORTANTE CONHECERMOS ALGUNS ASPECTOS DESSA CIDADE PARA ENTENDERMOS AS PALAVRAS DE JESUS

O único livro do Novo Testamento que cita essa cidade ou esta igreja em Pérgamo é o livro de Apocalipse.

▶Com ajuda dos Romanos, Pérgamo ganhou independência dos Selêucidas em 190 aC. e passou a fazer parte do Império Romano a partir do ano 133 aC.

▶Durante mais de 200 anos, ela foi a capital da província Romana da Ásia. Teve a maior biblioteca fora de Alexandria, no Egito.

Foi o povo de Pérgamo que primeiro usou peles de animais para fazer o pergaminho, substituindo o papiro para fazer livros.

Sem nunca ter alcançado o destaque das cidades de Éfeso ou Esmirna, que ofereciam uma vida de prazeres e poder econômico, Pérgamo as ultrapassava por oferecer aos seus habitantes e visitantes um centro de cultura inigualável.

Pérgamo ficou famosa por sua grande biblioteca, com mais de 200 mil rolos de pergaminhos.

No aspecto cultural, entre as cidades do Império Romano, somente Alexandria no Egito a ultrapassava.

Pérgamo era uma cidade pagã, com cultos na Acrópole, um alto monte, no lugar mais elevado, no lugar mais alto da cidade, dedicados a Zeus e Atenéia.

Pérgamo era uma cidade devota a Roma e, em 29 aC., foi construído um templo ao divino César, ao divino César Augusto e à deusa Roma.

Pérgamo era uma cidade entregue à magia, com seus famosos curandeiros, sacerdotes do deus Esculápio, simbolizado sempre numa serpente dourada, até hoje símbolo da Medicina. 

▶Essa era a cidade de Pérgamo, e ali o Senhor entendeu por bem colocar uma igreja.

Nesse ambiente. então contrário ao cristianismo, a mensagem do evangelho que correu por toda a Ásia encontrou terreno fértil entre alguns habitantes da cidade, e lá foi estabelecida esta comunidade cristã, certamente não fundada por algum dos apóstolos.

Esta igreja em Pérgamo se encontrava numa situação difícil. Por todos os lados os vizinhos praticavam a idolatria e davam honra aos governos Romanos.

Os cristãos não abandonaram a verdade do Senhor, o Único e Verdadeiro Soberano, mas tanta influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a congregação com doutrinas falsas que incentivavam os irmãos a praticarem idolatria e imoralidade.

Então Jesus chamou a igreja ao arrependimento para evitar o castigo divino. Diante dessa situação de oposição e tentação a que eram submetidos aqueles cristãos, podemos então estudar esses versos sobre esse título:

"O VALOR DA SÃ DOUTRINA". Carta à Igreja em Pérgamo.

O texto é Apocalipse 2:12 a 17.

Para introduzirmos a nossa conversa e a nossa reflexão com relação à igreja em Pérgamo, nós temos que entender que, por estar num ambiente tão contrário à prática do evangelho, cheio de atrativos para uma vida cristã desleixada, a comunidade cristã de Pérgamo enfrentava oposição tão dura que um dos seus membros, Antipas, por ser fiel ao Senhor, ele foi martirizado por causa do seu testemunho.

Ora, diante desse exemplo prático e desse fato consumado, o princípio então que vai nortear o nosso estudo pode ser assim definido, conforme essa frase:

"Diante da avaliação de Jesus, é clara a importância de preservarmos a sua doutrina como característica marcante das nossas igrejas"

Eu repito: esse é o princípio que temos a partir desse texto de Apocalipse 2:12-17, A Carta à Igreja de Pérgamo:

Diante da avaliação de Jesus, é clara a importância de preservarmos a sã doutrina como característica marcante das nossas igrejas!

E nesses versos nós vamos encontrar (como temos feito já nas duas cartas anteriores e faremos nas cartas subsequentes), nós vamos encontrar cinco aspectos que compõem a variação de Jesus sobre a sua igreja.

▶O primeiro aspecto refere-se à apresentação de Jesus para sua igreja. Veja o Versículo 12: 

"Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes".

Querido amigo, Jesus se descreve de modo objetivo. Ele tem a espada de dois gumes. Essa espada representa a autoridade e o poder para julgar e castigar.

A mensagem para aqueles cristãos perseguidos era uma palavra para todos que enfrentam oposição.

É mais objetiva ainda: é Jesus e não o governo romano ou qualquer outra autoridade que tem a autoridade e o poder para julgar e castigar eternamente. É Jesus quem segura esta espada.

Assim, o Senhor Jesus se apresentou à comunidade cristã de Pérgamo. Ele tem autoridade para julgar. 

▶O segundo aspecto refere-se à aprovação de Jesus. Veja o versículo 13:

"Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita".

Muitos seguidores de Cristo se posicionaram como combatentes dos rituais pagãos em Pérgamo. E aí o que aconteceu?

Ah...Pagaram o preço com o martírio da própria vida! Para levarmos o nome de seguidores de Cristo, certamente necessitamos conservar o nome de Cristo não o negando.

Os cristãos em Pérgamo eram vizinhos do diabo. Jesus, sempre vigiando para ajudar o seu povo, sabia muito bem das circunstâncias daquela cidade.

Desde o ano 29 a.C. foi o local de um templo dedicado a Roma e a Augusto. Isso é, era uma idolatria oficial ao governo romano. Mais tarde, foram construídos outros templos para honra dos imperadores Trajano e Severo.

Além desses templos para o culto imperial, o povo de Pérgamo adorava ainda outros deuses:

• Zeus,
• Atenéia,
• Dionísio,
• Esculápio.

E assim encontramos em Pérgamo uma mistura dos poderes do mal, religiões falsas e o poder oficial do governo romano.

Enquanto os seus vizinhos sacrificavam aos demônios, conforme a 1ª Coríntios 10:19-20, os discípulos de Cristo reconheciam e proclamavam o único Deus, Jesus o Cristo, como Senhor.

Mas o Senhor Jesus ainda diz para a igreja de Pérgamo que ele percebeu que eles conservavam o Seu nome e não negaram a sua fé, ainda nos dias de Antipas. Jesus então elogiou a perseverança dos cristãos de Pérgamo que foram fiéis à fé em Jesus mesmo sob perseguição intensa.

 A minha fé, isto é, a fé de Jesus, é a palavra de Cristo revelada aos homens

Antipas é mencionado somente aqui. Evidentemente ele foi um mártir. Provavelmente da própria congregação em Pérgamo. Ele foi morto entre eles na cidade onde Satanás habitava. Antipas se mostrou fiel até a morte!

▶TESTEMUNHA vem exatamente desta palavra grega MARTÍRIOS, MÁRTIRES. Ela é usada para descrever JESUS no capítulo 1, versículo 5. Então ela é usada por Lucas para descrever os discípulos TESTEMUNHAS, conforme Atos capítulo 1, versículo 8.

Com tempo, então, esta palavra passou a ser usada para identificar pessoas que morreram por seu testemunho de fé. E assim, nós usamos a palavra MÁRTIR no português.

▶O terceiro aspecto desta carta refere-se à acusação. Versículos 14 e 15:

No versículo 14 lemos o seguinte, Jesus falando:

"Tenho, porém, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. 

E no versículo 15 nós lemos:

Outrossim, tu tens também os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas".

Querido amigo, entre os cristãos de Pérgamo existiam então os que viviam divididos entre manter o culto romano ao imperador e aos deuses do panteão mitológico da época.

A figura de um trono de Satanás é a imagem utilizada por esse autor apocalíptico. Eles misturavam, ficavam divididos entre esse culto ao imperador romano e a vida dedicada a Cristo na comunidade da fé.

Alguns acreditavam que mantendo o envolvimento com Roma, que também era considerado uma deusa ou uma divindade reconhecida pelos cidadãos romanos, manteriam os benefícios às províncias dominadas pela cidade romana.

Apesar da perseverança dos cristãos em Pérgamo, havia graves problemas ameaçando o bem-estar daquela congregação. Eles se mostravam tolerantes demais em relação a falsas doutrinas, especificamente, dois erros citados nessa carta:

▶DOUTRINA DE BALAÃO

    1. Eles permitiam e alguns até aceitavam a doutrina de Balaão,  A descrição da doutrina de Balaão refere-se a história do Antigo Testamento, conforme Números 22 até 25 e também o capítulo 31. 

No final dos 40 anos de peregrinação, os israelitas chegaram perto da terra prometida, acamparam-se nas campinas de Moabe e os moabitas e midianitas ficaram amedrontados. 

Balaque, então, que era rei de Moabe, chamou Balaão para amaldiçoar o povo de Deus, mas Deus frustrou todas as suas tentativas de falar contra os israelitas. 

Balaão, então, desistiu das suas maldições, mas procurou uma outra maneira de vencer o povo de Israel. E aconselhou os moabitas e midianitas a convidá-los (a convidar os israelitas) a participarem de suas festas, que eram idólatras. 

Nessas festas, muitos israelitas se envolveram na idolatria e na imoralidade, e Deus mandou uma praga que matou 24 mil israelitas. 

Na igreja de Pérgamo, algumas pessoas agiam como Balaão: incentivavam o povo a ser tolerante com as outras religiões e até participarem da idolatria e da prostituição. 

A sua doutrina foi basicamente as ideias atuais do pluralismo religioso, isto é, aceitação de diversas religiões, considerando-as todas boas, e a ideia atual também do sincretismo, que é a junção de duas ou mais religiões para que todos se sintam bem. 

Isso tem atacado a igreja de hoje: o pluralismo e o sincretismo. 

Mas também, em Pégamo, tem um outro problema: era a  

▶DOUTRINA DOS NICOLAÍTAS

    2. Já na carta à igreja em Éfeso, no capítulo 2, versículo 6, essa doutrina foi mencionada e a igreja foi elogiada por rejeitar essa doutrina. 

Os nicolaítas provavelmente eram libertinos que se misturavam nas comunidades da fé para causarem dúvidas, litígios e promiscuidades entre os irmãos, dificultando assim a emancipação de uma igreja viva, boa e madura. 

Através de uma aparente espiritualidade, moldavam um caráter fraco e dissimulado nos relacionamentos humanos. 

O seguidor de Cristo não está debaixo de condenação porque ele é juridicamente redimido pelo próprio Deus. A graça lhe dá um novo posicionamento diante do Rei. Portanto, a igreja que leva o nome de Cristo não pode falhar em apresentar a sã doutrina. 

Devemos fazer algumas observações em relação a essa situação de Pérgamo. Devemos observar dois fatos importantes nesses versículos: 

▶Primeiro, a doutrina de Balaão foi a doutrina que ele ensinava, não apenas a doutrina sobre a pessoa de Balaão. 

Semelhantemente, a doutrina de Cristo não é apenas o ensinamento sobre a pessoa de Cristo. A doutrina de Cristo inclui o que Jesus ensinou. 

Consideremos, então, a importância desse fato em relação a textos como Tito 2:10, Hebreus 6:1, 2 João versículo 9. 

Se alguém for além do ensinamento dado por Jesus, claramente a Bíblia diz que esse não tem Deus. 

▶Uma outra observação que devemos fazer é que Deus condena a tolerância das falsas doutrinas. 

A tolerância às falsas doutrinas não é admitida por Deus. Às vezes, os homens valorizam tanto a unidade entre as pessoas, por exemplo, dentro de uma congregação ou até entre as denominações diferentes, que desvalorizam a sã doutrina, a doutrina pura de Jesus. 

Toleram falsos ensinamentos e até práticas proibidas com a ideia de que devemos conviver em paz, devemos aceitar uns aos outros!

Práticas como a imoralidade e a idolatria são aceitas de uma maneira totalmente incorreta. Se persistirem nesse erro, o próprio Senhor Jesus trará o castigo. 

A unidade entre os discípulos é importante, mas a pureza da palavra é mais importante do que essa mera paz entre os homens. 

Querido amigo, uma igreja que serve a Jesus necessariamente rejeitará os falsos mestres e as suas doutrinas erradas. 

E aí então chegamos ao quarto aspecto dessa avaliação de Jesus. 

▶Esse quarto aspecto refere-se à aceitação ou à admoestação dada por Jesus, conforme o versículo 16:

"Portanto, arrepende-te, e se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca." 

Aqui, querido amigo, não encontramos palavras de aceitação, mas certamente vemos nessas palavras a admoestação do Senhor. 

O arrependimento exigido é o da igreja, pois ela tolerava esses falsos mestres. 

Os professores das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas precisavam se arrepender ou então serem rejeitados. Uma igreja que tolera falsos mestres se torna cúmplice dos seus pecados. 

Se ela não se arrepender, Jesus usará a espada de dois gumes para trazer o seu castigo sobre ela. 

Em Pérgamo, pessoas se aproximavam da comunidade da fé com práticas sincréticas, procurando uma aproximação com idolatria e os benefícios daquele sistema de culto aos romanos. 

As manifestações de feitiçaria e curandeirismo praticado segundo uma metodologia formatada entre os etruscos ao deus Esculápio, deus da saúde, não poderiam se associar às manifestações do Espírito Santo na nova igreja. 

Os seguidores de Cristo não poderiam conviver com uma doutrina doente que violentava as bases do evangelho com a instrumentalização dos cultos de mistério. 

▶Por isso então chegamos ao quinto aspecto, que refere-se à atração que Jesus oferece à igreja. Veja o versículo 17:

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um novo nome, o qual ninguém conhece, exceto aquele que recebe." 

Como em todas as sete cartas, Jesus chama os ouvintes para prestarem a devida atenção às suas palavras ao vencedor.

E todas as cartas incluem a promessa de vitória, aqueles que persistirem até o final receberão recompensa. 

Nessa carta, a bênção para o vencedor é descrita em duas partes:

1. O maná escondido.

Jesus é o maná dado pelo Pai. Ele sustenta os fiéis, e lhes dá vida. A mensagem de Jesus continua oculta para os sábios desse mundo. 

2. Mas Ele vai dar também uma pedrinha branca com um novo nome escrito.

Esse novo nome frequentemente sugeria uma nova direção de vida, especialmente para uma pessoa abençoada por Deus. 

Você lembra que Abrão se tornou Abraão, Sarai se tornou Sara, Jacó se tornou Israel. 

Com isso, nós percebemos que o Senhor Jesus está querendo nos dar uma nova vida. E dá essa nova vida para aquele que nele crer. 

Uma pedrinha branca pode incluir também costumes novos. Pedras brancas foram usadas para indicar a inocência das pessoas acusadas de crimes. O Senhor Jesus nos inocenta de possíveis acusações do demônio. 

Concluímos, então, o estudo dessa carta mencionando que:

Assim como os discípulos em Pérgamo precisavam se posicionar e valorizar a sã doutrina, também nós, nos dias de hoje, precisamos nos posicionar e valorizar a sã doutrina, a doutrina que emerge da palavra de Deus. 

Querido amigo, que o Senhor te abençoe e que você viva baseado apenas na palavra de Deus. 🙏

Um grande abraço.

E até o próximo programa.

Por Dr. J. Vernon McGee © Thru the Bible Radio Network, www.ttb.org

Fontes:

Bíblia sagrada

Programa através da Bíblia